Por que eu uso Slackware.
Hi folks =)
Sim, sumi por uns tempos, mas com o coração sempre aqui. Estava meio complicado, o meu trabalho novo e a minha faculdade estão me tomando tempo. Mas eu sempre volto. 🙂
Assim, quero explicar um fato curioso que me ocorreu recentemente, quando uma pessoa das quais eu converso me perguntou o motivo de eu usar Slackware e não Debian. (O Fedora 7 ainda não saiu, também). 😛
Esse artigo, então, é como um convite ao usuário que tem vontade de experimentar, aspirando esclarecer todo e qualquer mal entendido que rola pra distribuição, que é bem injustiçada por sinal. 😀 E, primeiramente, é bom advertir algumas coisas que tu precisa saber caso queira usar o Slackware:
– Esqueça tudo o que você sabe do teu sistema operacional ou distribuição Linux.
– Slackware não tenta imitar o Windows ou o MacOS X. Slackware tenta imitar o Unix.
– Slackware não te ajuda muita coisa, é você com você (e o Google caso dê errado).
– Slackware segue o padrão KISS. Keep It Sample, Stupid. Isso diz tudo.
– Aprenda a usar um editor de texto. Vi (weee \o/), nano/pico, mcedit, jed, kedit, kwrite, gedit, kate, enfim.
– Aprenda a usar comandos. cd, mv, cp, rm, pwd, grep, cat, dmesg, tail, ln, head, etc.
– Aprenda a estrutura de diretórios do Linux.
Sabendo de todas as situações que citei acima, você está pronto para prosseguir 🙂
Então, por quê eu uso Slackware?
1) A Facilidade.
Que venham as pedras, ovos e tomates, mas Slackware é fácil. É simplesmente completo, em 3 mágicos CDs eu tenho absolutamente tudo. Uma base sólida, dois ambientes desktop (KDE e XFCE, eu não gosto dos dois, por isso uso DropLine Gnome) e programas. Muitos programas, pra todos os gostos. Modo texto e modo gráfico.
Todas as configurações são feitas em modo texto, que é rápido, fácil e intuitivo (sim, eu disse isso). Você modifica diretamente arquivos de configurações. Uma vez conhecendo as entranhas do seu sistema, tu faz absolutamente tudo. Assim, eu não entendo o motivo das dificuldades que todos falam. Pois, os arquivos são extremamente bem comentados, onde você interage com tudo, e não com o que a gui deixa. E em qualquer acontecimento fora do normal que você por acaso causou, os manuais ajudam bastante.
Ou seja, você conhece Linux? Você sabe usar Slackware! Você conhece ferramentas e menus coloridos? Você então não usa Linux. 😉
2) A Estabilidade.
No meu desktop, o Slackware (desde o 10.1) é instalado apenas uma vez. Eu instalo, ele funciona, eu não mexo nunca mais. Meus arquivos de configuração (fstab, xorg.conf, inittab, rc.local e outros) são os mesmos desde o 10.1. Eu não tenho qualquer tipo de problema com eles. Tudo funciona como mágica.
Eu não preciso remover o yum.pid, usar um apt-get -f install, sofrer com pacotes quebrados (ou com meta-dados incorretos), repositórios fora do ar, programas desatualizados, ausência de libs, enfim. Do jeito que se instala se usa. E do jeito que se configura, ele se mantém.
3) O Gerenciamento de Pacotes.
Os pacotes tgz foi o primeiro sistema de gerenciamento de pacotes implementado no Linux, que se mantém o mesmo até os dias atuais. E é muito simples. Dentro do TGZ vem os arquivos pré-compilados e organizados na estrutura de diretórios, para serem somentes descompactados e entrarem em funcionamento. De Slackware pra Slackware. Eles quebram um galho muito grande. E também, tu pode construir o teu pacote pro teu sistema, com o checkinstall ou com o SlackBuild. Inclusive podendo otimizar com o SlackBuild, não deixando a dever nada a nenhum Gentoo.
Baixando os CDs 4, 5 e 6 (e 3 e 4, nas versões anteriores ao 11) você pode utilizar as sources, alterar o SlackBuild e reempacotar para seu Athlon 64, CoreDuo e etc, não ficando com o computador “inutilizado” até ficar tudo pronto, como acontece no Gentoo. (isso puxa o próximo tópico).
Os pacotes também não tem qualquer sistema de verificação de dependência. Instalou o pacote (ou foi compilar e deu erro no ./configure), chamou o programa se deu falta de dependência, ele dirá! Volta lá no LinuxPackages ou no Slacky e baixa o que faltou. Instala e pronto. Muitos simplesmente não gostam de ter que corrigir as dependências na unha, mas eu acho que isso é realmente interessante. Motivo? Se o pacote que você instalou deu errado, você simplesmente remove e procura outro! Deixa um pacote vir errado no Debian ou no Ubuntu, e me conta o que houve com o sistema depois! 😉
4) Slackware roda até num 486
Adoro tópicos no estilo “Qual distribuição eu uso no meu Pentium 133”. Todos recomendam mil distros. Damn Small, Xubuntu (hehe), Vector, Kurumin Light e até RedHat 7.2 entra na dança. Mas primeiro, ninguém dos que respondem usaram Slackware ou alguma das distros aí citadas em configurações semelhantes. E segundo, quase ninguém (exceto eu e outros conhecedores da distro que usam) recomendam o Slackware. O mais engraçado é que todos se esquecem (ou simplesmente não sabem), que o Slackware é feito para processadores Intel 486 e/ou superior! 🙂 Não obstante, o Slackware (e o KDE que acompanha) é empacotado inteiramente por dois 486, do nosso american idol Patrick Volkerding!
O mais legal é que eu já testei o SLackware em configurações semelhantes. Inclusive, já fiz servidores com computadores considerados sucatas, onde reviveram novamente com essa distribuição Linux. Claro, você não pode se enganar pensando que vai rolar o KDE num bichinho desses, não zoa. 😛 Porém, você pode usar vários programas em modo texto, um dos gerenciadores de janela leves que ele acompanha (FluxBox, WindowMaker, TWM, FVWM) e rodar aplicações simples do X. (Por experiência própria, não imprima numa impressora escrava paralela ou escute MP3 neles. Lerdeia geral).
Também, você pode fazer terminais remotos de X com esse bicho + Slackware. Sim, eu também já fiz e relatei há quase um ano atrás (vou pedir pros meus amigos o texto que escrevi), e o negócio fica melhor ainda. Você deixa a sua sucata totalmente funcional, os únicos gargalos serão o monitor, que num micro desses mal deve pegar 1024×768@256 cores. 😛
Você também poderá mesclar aplicações! Por exemplo, tu tem dois computadores e um modem ADSL bridgeado? Coloque outra placa de rede (Realtek é 15 conto :)) na tua sucata e faça um servidorzinho pro seu modem, com DHCP pro seu computador bom, que estará rodando Linux também, e configure um XDMCP no micro mais novo. Sua sucata conecta na internet e passa o acesso pro seu outro computador. E o seu outro computador tem um servidor XDMCP e devolve o ambiete gráfico pra sua sucata, os programas rodarão no seu computador bom e você tem um segundo terminal pro seu irmão pentelho usar enquanto você tá no outro micro. 🙂 As possibilidades são infindas.
5) Slackware te dá as ferramentas certas.
O Slackware tem ferramentas que servem pra auxiliar o usuário. A partir do pkgtool (gerenciamento de pacotes) pode-se puxar as outras ferramentas (opção SETUP), que configuram o modem discado (só serve se for HardModem ou externo), mouse, rede, timezone, gerenciador de janelas e etc. São os scripts de configuração realizados após a instalação da distribuição, e o melhor é que eles não são primordiais para o funcionamento! Pois, as mesmas configurações que tu faz neles são feitas também nos arquivos de configuração a que eles se destinam.
Eu explico. Você pode configurar a rede através do netconfig (ou pkgtool -> Setup -> seleciona Network e dá OK, ele abrirá o netconfig) ou ir diretamente no /etc/rc.d/rc.inet1.conf, inserir os mesmos dados que o netconfig pergunta no arquivo. Tudo bem demarcado, sem ter nem como errar. São as únicas ferramentas onde o Slackware auxilia o usuário.
Do mesmo modo que as ferramentas não são primordiais, elas podem ser removidas e o sistema continuar intacto. Remove o aptitude, o dpkg-reconfigure e o apt-get do Debian e me conta como é que fica. 😛
6) Slackware vem com os programas certos.
Slackware não é socialista, que segue aquela filosofia ridícula de só vir com programas OpenSource. Slackware só fica a dever programas que são ilegais nos Estados Unidos (libdvdcss, por exemplo. Precisa instalar à parte). Slackware vem com codecs pra MP3, MPG, Java (JDK e JRE por exemplo) e outros programas que os socialistas condenam mas os usários instalam. 😛
7) O init do Slackware é perfeito.
Slackware tem um init simples e funcional. Primeiramente, a tabela de inicialização é diferente das outras distribuições, segue:
init 0 = Desliga.
init 1 = Single User;
init 2 = Desuso, mas configurado igual ao 3;
init 3 = Multi User;
init 4 = Multi User gerenciado pelo modo gráfico (GDM/KDM/XDM);
init 5 = Desuso, mas configurado igual ao 3;
init 6 = Reboot.
No inittab, o runlevel padrão é o init 3, que depois da instalação te põe numa tela em modo texto pedindo login. (Para o login ser feito em modo gráfico, deve se alterar o inittab para usar por padrão o init 4). Depois, toda a inicialização do sistema é feita no diretório /etc/rc.d. O primeiro arquivo chamado pelo inittab é o /etc/rc.d/rc.S, se o runlevel padrão for o 3 ou 4, o rc.S chama o rc.M, e se runlevel padrão for o 4, o rc.M chama o rc.4. E são eles que chamam os outros scripts no mesmo diretório, como rc.alsa, rc.cups, rc.bind, rc.samba, o GDM/KDM/XDM, e etc.
Os serviços também são desativados apenas tirando o nivel de execução (chmod -x rc.serviçoquetunaoquer), e no próximo reboot ele não será mais chamado. Simples assim. Nada como uma bagunça na /etc/init.d, com trezentos links simbólicos de programas que as vezes você nem tem. Tudo extremamente fácil e extremamente simples.
8) Não há limites para o seu Slackware.
Não há limites pro Slackware. Ele tem um grande repositório de TGZs em sites especializados), todos os tarballs e bzballs são compilados sem esforço nenhum, tem todas as libs necessárias, a documentação é vasta, a estabilidade é grande, os fóruns são fortes, ele geralmente é a porta de saída do Linux (quem usa resolve conhecer outros sistemas, como FreeBSD e Solaris) e os usuários são inteligentes (pelo menos 80% deles). Tendo os requisitos que mencionei acima, você pode ser um Slackware User. TEnha perceverança e não desista. Pois se você não faz vista grossa aos erros do teu Ubuntu, provavelmente, o Slackware é a distribuição certa pra você!
Stay safe,
Lucas Timm.